terça-feira, 12 de abril de 2011

O Homem Moderno

O Homem moderno está sem chão
O gênio romântico diluiu-se em promessas iluministas
Cujas proezas inférteis e positivistas
Plantaram o grande cogumelo em Nagasaki

Houve um tempo em que existiu o Homem Moderno
Talhado no leite da teta magra do exemplo
Zelado pelo anjo sanguinário do imperialismo
Banido do paraíso pelo sabre da razão

Onde dormitas, Homem Moderno?
No berço moribundo dos olhos do leitor?
Nos miolos implodidos nas paredes de escritórios psiquiátricos?
No ventre inchado das crianças africanas, esse pequeno paraíso cristão dos vermes?
Nas vias respiratórias obstruídas por moedas tísicas de ouro?
No corpo esparramado do operário caído do andaime
Ou no bocejo indiferente do colega que o assistiu cair?

Eu assassino o Homem Moderno
Esmigalhando suas vértebras com a corrente do meu Verbo
Expondo as vísceras medíocres da sua conduta infame
No mercado público onde o artista de rua esmola sorrisos e atenção

E trago uma vã, quase estúpida esperança
De que uma futura geração de espíritos lúcidos
Leia meus Versos com asco e repulsa
Não pela maneira malévola com a qual os registro
Mas pela denúncia explícita que faço do Homem Moderno

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