segunda-feira, 11 de abril de 2011

A heteronímina dos excessos

Eu não tenho musa
Ou visões transcedentais
Pro inferno com a inspiração
A dádiva das belas-artes
E a iluminação criativa

A terra daqui é seca
A Semente não há de brotar
Pro inferno com a inspiração
Aqui ela é forjada nas catacumbas!
O ferro quente se retorce
Incandesce na vermelhidão do metal
E dali nascem meus versos,
Os quais não ouso chamar Poesia


Eu sou Cândido Carneiro
Nasci da química de acordes dissonantes
Renasço a cada instante
Da química triunfal de acordes sincopados
Sou Cândido Carneiro e não tenho sombra
Em fevereiro de 2007, me assassinou um feixe de luz


Não busque nos meus versos a virtude e o sublime
Não busque nos meus versos qualquer coisa de passional
ou tipicamente humana
Nos fragmentos da minha alma só cabe o que é explosivo


Eu canto os excessos do homem contemporâneo
O pai que abusou da própria filha
Os corpos sem alma
O pus que jorra do pênis infecto
A Peste e injustiças sociais
O estupro, o incesto e o assassinato da figura paterna.
As tragédias naturais, o Holocausto e as bombas nucleares
Toda e qualquer tendência destrutiva
Toda e qualquer mente perturbada
Escrevo para os maníacos e psicóticos


Sou Cândido Carneiro e não tenho duplo
Vim assistir à queda dos homens
Na primeira fila do espetáculo

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